Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/93

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e seus cabelos brancos, já com aquele tom amarelo da grande velhice, eram apanhados em bandos, com uma rede de linha preta. Não me pude demorar mais, vendo-lhe a fisionomia de setuagenária. Gonzaga de Sá pediu licença e foi com ela ao interior da casa dar uma providência. Voltou logo. Houve tempo, porém, para que eu, indiscretamente, pudesse ver sobre a mesa uma folha de papel rabiscado. Havia oito ou dez narizes desenhados sucessivamente, e por mão inábil que se esforça em vazar uma forma que viu ou já ouviu e ainda tem em mente. Que singular mania, meu Deus.

— Não imaginas, disse-me ao entrar, como estes pombos me dão trabalho.

— Crias pombos?

— Crio. Gosto das aves, especialmente dos pombos, do seu voo, das irisadas penas do seu pescoço, da sua graça, da sua natureza intermediária de ave de terreiro e de voo... O brutamontes do meu gato mete-lhes medo; mas os pobrezinhos voam para o Sol... Já tens fome?

— Não.

— Mandei trazer um pouco de vinho Bucellas branco. Gostas?