— A pessoa que trouxe esta carta disse que era urgente.
Jorge recebeu-a, sem conhecer a letra do sobrescrito. Era letra de mulher. Abriu-a sem pressa, mas não sem curiosidade. Não era longa; dizia simplesmente isto: — "Ilmo. Sr. Doutor. Papai está muito mal; pede-lhe o favor de vir a nossa casa. — Lina Garcia."
— A que horas veio esta carta? perguntou ele ao criado.
— Às sete.
Jorge fez um gesto de enfado e mandou buscar um tílburi. Daí a uma hora parava à porta de Luís Garcia. Era tudo silêncio. Jorge deteve-se alguns instantes, incerto sobre o que convinha fazer. O perigo, se perigo houve, podia ter passado, e toda a família estaria em repouso. Espreitou pela porta do jardim, e viu uma claridade frouxa, através de uma veneziana. Logo depois ouviu passos na areia. Era o Sr. Antunes que sentira parar o tílburi.
— Meu genro está mal, disse o pai de Estela; teve esta manhã uma recaída e perto das oito horas cuidamos perdê-lo.
Jorge entrou.
Luís Garcia estava prostrado; a febre ardia-lhe