Página:Yayá Garcia.djvu/200

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olhou para o Sr. Antunes, que fumava discretamente um charuto do bacharel.

— Ouvi dizer hoje uma coisa, disse Jorge com ar indiferente; ouvi dizer que Iaiá vai casar.

— Casar? repetiu o Sr. Antunes com um sobressalto. E depois de um instante: — É possível; naquela casa o último que sabe das coisas sou eu.

— Talvez não passe de balela. Nem me disseram com quem. Provavelmente há algum namorado ou aparência disso, e então os noveleiros vão logo ao fim. Mas haverá deveras algum pretendente ou namoro?...

— Que eu saiba, nada, asseverou o Sr. Antunes. E até, deixe-me dizer-lhe o que penso, duvido que ela cuide por ora de semelhante coisa. Aquela menina não tem cabeça.

— Oh! exclamou Jorge rindo.

— Não tem, digo-lhe eu. Está ali, está no hospício. Não se pode dizer que seja travessura, porque não está em idade disso; é pancada. Se soubesse as coisas que ela faz às vezes!

— Não me parece; quando a vejo, é sempre com um modo comedido, e muitas vezes sério...

— Lá isso, é porque ela não gosta do senhor.

— Não gosta de mim? perguntou Jorge admirado.