Página:Yayá Garcia.djvu/215

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reflexão fê-lo declarar afoitamente que aceitava a confidência.

— Sabe o que aceita? perguntou Iaiá.

— Farejo.

— Toque! disse ela estendendo-lhe a mão.

Jorge deu-lhe a sua.

— Não se trata em todo caso de nenhum assassinato? perguntou rindo.

— Não.

A segunda partida foi mais animada, mas só por parte de Iaiá. A moça ria às vezes, mas a maior parte do tempo fazia convergir toda a sua atenção para o jogo. Quando falava, era moderada e dócil. Essa alternativa e contraste de maneiras interessava naquele momento o espírito de Jorge. Que espécie de mulher fosse, imperiosa como uma matrona, travessa como uma criança, incoerente e enigmática, era coisa que ele não podia em tão pouco tempo descobrir; mas o enigma aguçava-lhe a atenção. Enquanto ela tinha os olhos no tabuleiro, Jorge buscava ler-lhe a alma na fronte lisa e cândida; mas não via a alma, via só uns fiapos castanhos do cabelo, que lhe caíam sobre a testa e esvoaçavam levemente ao sopro da aragem que entrava pela janela, e lhe davam um ar