Página:Yayá Garcia.djvu/289

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na imensa vastidão azul, para empreenderem juntos a derradeira viagem. Não chorou nas primeiras horas; a dor trancara-lhe as lágrimas; mas estas vieram logo depois, e ela as verteu em silêncio, sufocando os soluços, estorcendo-se na solidão da alcova.

Luís Garcia reiterou a Jorge o pedido que lhe fizera uma vez, em relação à família; mas agora restringia-o a Estela.

— Peço-lhe que não desampare os meus. Sei que morro, e quero ter a certeza de que só deixo algumas saudades. O senhor vai casar com minha filha; nada me inquieta a este respeito. Mas Estela, que não é mãe de Iaiá, ou é somente mãe de coração, Estela vai ficar só, e eu não quisera morrer com a idéia de que a deixo infeliz. Promete-me que não a desamparará nunca?

Jorge prometeu. Estela, que estava presente, procurou tranqüilizar o enfermo, e pediu-lhe que não falasse tanto. Luís Garcia não atendeu; exaltou as virtudes da mulher, a dedicação, o zelo, a afeição que lhe tinha.

— Digo-lhe que fui feliz, concluiu ele; minha alma era já velha, quando a dela se lhe uniu, e contudo... sim, minha alma rejuvenesceu um pouco...