Página:Yayá Garcia.djvu/297

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lhe de extraordinário fulgor. Ofegante, por alguns minutos, não pôde articular uma só palavra; quando chegou a falar disse simplesmente:

— Que razão há agora para que nos casemos? E depois de uma pausa: — Tenho ciúmes do passado, e o senhor amou já uma vez. Assim como eu ia entregar-me ao senhor, com o coração limpo de qualquer outro afeto, assim quisera que o senhor nunca houvesse amado a ninguém. Que é o seu coração para mim? Um sobejo de outra; talvez nem isso; esse mesmo resto não me pertence, não é meu; fiquemos neste ponto, e tome cada um de nós a sua liberdade.

Iaiá recusou outra explicação, aliás desnecessária; a linguagem era transparente. Jorge saiu dali com o espírito transtornado e confuso. O motivo da recusa, para ser sincero, era pueril ou romanesco demais; nenhuma noiva teve ciúmes de um amor anônimo e extinto; logo, a alusão de Iaiá não era vaga e sem objeto, mas ia direito à pessoa de Estela. Seria isso? Jorge não queria crer e mal podia duvidar.

No dia seguinte, acabado o almoço, apareceu-lhe o pai de Estela.

— Iaiá manda-lhe isto, disse ele sacando da algibeira uma carta.