Página:Yayá Garcia.djvu/306

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perdido a razão. Vem cá; disseste-me aí uma palavra absurda, e é preciso que me digas outra com que expliques a primeira. Por que eu gosto dele? continuou depois de alguns instantes. Que queres dizer com isso?

Iaiá curvou a cabeça.

— Fala!

— Não direi nada; essa palavra explica tudo. Se gosta como eu creio, é a sua felicidade que lhe trago, não digo a troco da minha, porque seria lançar-lhe em rosto o sacrifício, mas a troco de uma ilusão, e nada mais. Não pense que lhe quero mal; não posso querer mal a quem me tem ou teve alguma afeição e substituiu dignamente minha mãe. Se lhe quisesse mal, é provável que não fizesse o que fiz.

Enquanto falava a enteada, Estela tinha a fronte inclinada e pensativa; atitude em que se conservou ainda durante algum tempo.

— Bem vê que acertei, disse Iaiá; seu silêncio confirma a minha suposição.

— Eu! exclamou Estela estremecendo. Tu não entendes nada dos sentimentos, não conheces o coração. Eu amá-lo? eu? Não! não é possível.