Página:Yayá Garcia.djvu/323

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que nada sabia da carta, e conseqüentemente nada entendia daquela expansão da moça.

Estela mostrou-lhe a carta. O pai não pôde acabar de ler: a primeira página fizera-lhe compreender tudo. Seus olhos iam do papel à filha e da filha ao papel, sem que a boca se atrevesse a formular nenhuma queixa ou censura.

— Não digo que me obedeças, murmurou ele; mas parece que podias consultar-me. . .

— Eu estava certa da sua aprovação, respondeu Estela. Ou parece-lhe que fiz mal?

— Nunca fizeste bem em coisa nenhuma, disse tristemente o pai. E pegando-lhe nas mãos: — Tão moça! tão bonita!

O dia do casamento foi definitivamente marcado naquela noite. Como Estela declarasse que ela própria serviria de madrinha, Iaiá procurou dissuadi-la cautelosamente; também ao noivo repugnou a intervenção espiritual da viúva. Mas Estela não se deu por entendida. O papel de acólita, que a si mesma distribuíra, tinha-o desempenhado com lealdade e dignidade. Quis ir até o fim. Era melhor modo de se mostrar isenta e superior. Jorge sentia-se vexado e transportado ao mesmo tempo, ao observar a simplicidade e o desvelo que a viúva punha naquele ato. Iaiá