Poesias (Zaluar)/15
POESIA XV.
No collo da bella mãe
Repousas adormecida—
Entr’ os sonhos d’innocencia,
Entr’ as florinhas da vida!
Nem das paixões o veneno,
Nem o fel da ingratidão!
Maculou, — anjo celeste,
O teu meigo coração!
E tu dormes embalada
Pelo bafo maternal!
Como a rosa entr’ as boninas,
Como as pombinhas do valle.—
Tua vida é toda flores,
Os sonhos todos encanto,—
Oh! são favos os teus beijos,
Os sorrisos são teu canto!
Tua fronte tão serena
Que sonhos meigos desperta!
E a boquinha alvi-rosada
Por um sorriso entr’ aberta.—
És um anjo d’innocencia,
A dormir, tão socegado!
A pedir talvez no Céo
Pelo bardo desgraçado!
Que os anjos, que são de Deus,
Ainda na terra vivendo—
Dão suspiros pelas magoas,
Que os homens passam gemendo!
Pede! — Oh! pede por minha alma
Entr’ espinhos lacerada!—
Oh! quem quebrára a cadeia
D’esta vida malfadada!
Não trasborda, acaso, a taça
Das agonias ferventes?
Não se desatam meus prantos
Dos olhos como torrentes?
Mas tú és anjo na terra
A dormir somno profundo!
Oh! por mim roga no Céo,
Como a ti peço no mundo!
12 de Fevereiro.

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