Saltar para o conteúdo

Poesias posthumas do Dr. Aureliano José Lessa/Gratidão

Wikisource, a biblioteca livre
 
GRATIDÃO


Se tu não és o lyrio da innocencia,
E’s rosa, a flôr querida dos amôres;
Que importa, se és raïnha entre as mais flôres.
Que não tenhas do lyrio a innocua essencia?

Eu amo a rosa—imagem da existencia
Que se meandra de prazer e dôres,
Eu não te vi de espinhos passadores
Circumdada na tua florescencia.

Se o fado para mim fez-te innocente,
Se os espinhos despiste ao meu contacto.
Devo querer-te, ó flôr, eternamente.

Toda a acção nobre eu vivamente acato,
Praticaste commigo nobremente,
Quem tem um coração é sempre grato.