Saltar para o conteúdo

Poesias posthumas do Dr. Aureliano José Lessa/No tumulo de um infante

Wikisource, a biblioteca livre
 
NO TUMULO DE UM INFANTE


Estrêlla d’alva ao despontar da aurora,
Cêdo tombei nos mares do occidente;
Despi da vida a tunica innocente,
Contando apenas de existencia uma hora.

Regou meu pranto o maternal regaço,
De um berço a orla foi meu horizonte:
Banhei as azas na sagrada fonte,
Leve remonto-me ao celeste espaço.

Eu vou depôr nas mãos de um Pai mais terno
Da innocencia o angelico thesouro;
E terei por berço uma nuvem d’ouro,
Uma aurora melhor, um sól mais puro.

A li deitado ao pés da Divindade
Trocam-se em luz, da morte os vãos horrôres;
Ai! a vida é um berço de mil dôres,
A campa o berço é da eternidade!