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Poesias posthumas do Dr. Aureliano José Lessa/Queixa

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QUEIXA


Se tu me adoras, donzella,
Com vero amôr,
Expande a tua alma bella,
Como uma flôr.

A rosa desabrochada
Perfume gera;
Morre a flôr, que está fechada
Na primavera.

Onde viste a rosa, e quando
De manhã triste?
Acaso um botão beijando
Abelha viste?…

A alma é a flôr de amôres,
O amor é mel;
A abelha das murchas flôres
Foge infiel.


Sorri, pois, como n’ aurora
Candida flôr;
Ou se em teu peito a dôr mora,
Mostra-me a dôr.

Divide a alma commigo
Triste, ou risonha;
Eu sou tão feliz comtigo
Mesmo tristonha!

Mas a ta dôr, donzella,
Me causa dôr;
Expande a tua alma bella
Como uma flôr.