Página:O missionário.djvu/167

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antigo jesuíta. Era incrível o que aquele livro dizia. Era um horror!

Francisco Fidêncio foi buscar à mesa grande o Magnum Lexicon, colocou-o sobre a extremidade dum dos bancos, para lhe servir de travesseiro.

Deitou-se no banco, ao comprido, trançou as pernas, tirou uma fumaça do cigarro e abriu o panfleto, murmurando:

- Patifes!

Um livro assim é que ele queria ter escrito. Quisera ter sido jesuíta, conhecer todos os segredos da Ordem, apanhar-lhe as manhas, e depois vir a público, com uma coragem extraordinária, pôr pela imprensa todas aquelas bandalheiras a nu.

Um dia ainda reuniria em folheto as suas correspondências, formaria um folheto como aqueles, de capa de cor, com o título pomposo em letras gordas e com um pseudônimo. O seu pseudônimo seria: o padre Quelé. Era de arromba! Ninguém ficaria sério, lendo-o. O diabo era não haver em Silves uma tipografia!