Página:O missionário.djvu/196

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O casamento da sobrinha do Neves Barriga estava marcado para a segunda dominga de maio, depois da missa. S. Rev.ma tivera uma idéia luminosa que confiara ao sacristão, e este aprovara muito. E esse segredo, essa surpresa que, com o seu consenso e assentimento, se preparava às pessoas gradas, enchia-o de alegre esperança. Tanto ele, como padre Antônio, confiavam muito no efeito desse maquiavelismo, para chamar o povo de Silves à antiga devoção.

A igreja já estava cheia, e o fato era de bom agouro. Havia muito tempo, um mês talvez, que a igreja mesmo aos domingos, ficava a meio vazia. E desta vez não era só a gente miúda. O Neves Barriga com a mulher e a sobrinha acabavam de chegar, o Neves de sobrecasaca e calças pretas, lustrosas, antigas, mas de pano fino, um grande lenço preto a endurecer o pescoço, obrigando-o a trazer ereta a cabeça, pondo a plena luz a cara de carneiro manso, com as ventas atopetadas de Paulo-Cordeiro. D. Eulália, de vestido de