Página:O missionário.djvu/342

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prezava, e adeus, então, sonhos de prosperidade e de ventura! Iria ser caixeiro do Costa e Silva ou do Mendes da Fonseca, varrer-lhes a loja, trazer-lhes o café, vender cachaça aos tapuios, aturar os desaforos dos fregueses, apanhar a sua descompostura de vez em quando sem dar um pio, ou então, iria fazer cigarros, única prenda que possuía, e se a indústria de cigarreiro de nada valesse, encheria de pernas as ruas de Silves, esfarrapado e faminto, sem consideração social. Nada! Não teria por vinte anos aturado as brutalidades de padre José, que Deus houvesse, não teria ouvido ásperas descomposturas - filho desta, filho daquela, ladrão, velhaco, não teria arrastado a sua humilhação pela vila durante a mocidade toda, por amor do emprego, para agora o deixar por si, só porque lhe falavam em uma missão à Mundurucânia. Lá que era difícil de roer a coisa, era, mas talvez que se estivesse assustando sem motivo. Era até muito provável que o senhor vigário não levasse a fim o seu absurdo projeto. A