Página:O missionário.djvu/634

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de a deixar cair ainda cheia! Oh! se ele, padre Antônio de Morais, quisesse gozar as inefáveis doçuras dum amor partilhado, nem por isso a sua carreira se cortaria desastradamente, não se afundaria no lodaçal da sensualidade, que, como o fizera a feiticeira aos companheiros de Ulisses, converte os homens em porcos. Não, tinha a necessária energia e força de vontade para conter-se à borda do abismo, e a calma precisa para lhe sondar a profundeza a olho frio e seguro. Homem, poderia ceder às exigências da natureza sem que por isso se tornasse incompatível com as grandes empresas que demandam coragem, lealdade, desprezo da vida e dos prazeres. Para um homem sensato, o problema era dominar o prazer, regularizá-lo, utilizá-lo mesmo, e não se deixar subjugar pelo gozo; tomá-lo como um acidente agradável na vida, como estimulante para os grandes combates da existência, e não como o seu objetivo principal. Assim, segundo esta filosofia verdadeira, a convicção