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Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XX

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Buscamos a Deus quando o mundo nos não busca; se alguma ofensa nos irrita, deixamos a sociedade, não por arrependidos, mas por queixosos, e menos por amar a Deus, que por aborrecer os homens. A vaidade nos inspira aquele modo de vingança, e parece com efeito, que o deixar o mundo é desprezá-lo. Assim será; mas quem deseja vingar-se ainda ama, e quem se mostra ofendido ainda quer. Amamos o mundo, e as suas vaidades; porque o amor de cousas vãs é em nós quási inseparável. O mundo, e a vida tudo é o mesmo; e quem há que sem loucura deixe de amar a vida? Tudo no mundo é vão, por isso a vaidade é a que move os nossos passos: para donde quer, que vamos, a vaidade nos leva, e imos por vaidade. Mudamos de lugar, mas não mudamos de mundo.