Reisado da Borboleta, do Maracujá e do Pica-Pau

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CENA 1ª

(Aparece um grupo cantando)

Coro:

Quando nesta casa entramos,
Toda cheia de alegria,
Da cepa nasceu o ramo,
Do ramo nasceu a flor,
E da flor nasceu Maria,
Mãe do nosso Redentor.

CENA 2ª

(Aparece urna figura representando a borboleta

Coro:

Borboleta bonitinha,
Saia fora do rosa1,
Venha cantar dois hinos.
Hoje é noite de Natal.

Borboleta:

Deus lhe dê mui boa noite,
Boa noite lhe dê Deus;
Que eu não sou mal ensinada,
Ensino meu pai me deu.

Coro:

Borboleta bonitinha,
Saia fora do rosal;
Venha cantar doces hinos,
Hoje noite de Natal.

Borboleta:

Eu sou uma borboleta,
Sou linda, sou feiticeira;
Ando no meio da casa,
Procurando quem me queira.
Coro:

Borboleta bonitinha,
Saia fora do rosal, etc.

Borboleta:

Eu sou uma borboleta,
Verde da cor da esperança,
Ando no meio da casa,
Com alegria e bonança.

Coro:

Borboleta bonitinha,
Saia fora do rosal, etc.

Borboleta:

Eu sou uma borboleta,
Vivo de ar e de luz;
Ando no meio da casa
Com minhas asas azuis.

Coro:

Borboleta bonitinha,
Saia fora do rosal, etc.

Borboleta:

Adeus, senhores, adeus,
Já são horas de partir;
Entre a bonina e a açucena
Já são horas de dormir.

CENA 3ª:

(O vaqueiro, que é uma espécie de palhaço; traz para cena um pé de maracujá artificial; duas figuras entram e cantam).

1ª figura:

Senhores, me dêem licença,
Licença me queiram dar;
Que eu vou chamar minha irmã
Pra apanhar maracujá.

2ª figura:

Minha irmã me chamou
Pra apanhar maracujá;
Senhores, me dêem licença,
Licença queiram me dar.


Estribilho:

Ecô, ecô,
Apanhar maracujá;
Maracujá perruche,
Apanhar maracujá;
Maracujá. de doce,
Apanhar maracujá;
Bem apanhadinho,
Apanhar maracujá;
Bem machucadinho,
Apanhar maracujá;
Pela mão de sinhá,
Apanhar maracujá.

CENA 4ª

(Aparece um tronco de árvore com dois pica-paus, dois meninos camtam em forno do mesmo:)

Meninos:

Pinica-pau é marinheiro,
 Ninguém pode duvidar,
Com seu barrete vermelho,
E camisa de zangá.

Estribilho:

Sinhá Naninha
De Campos de Minas,
Sinhô Mané, Corta-Pau,
Berimbao;
Arrevira o pau,
Meu pinica-pau,
Torna a revirar,
Que isto não é mau. . .

Meninos:

Pinica-pau de curioso,
De um pau fez um tambor,
Para tocar a alvorada
Na porta do seu amor.

Estribilho:

Sinhá Naninha
De Campos de Minas,
Sinhô Mané, Corta-Pau,
Berimbao ;
Arrevira o pau,
Meu pinica-pau!
Torna a revirar,
Que isto não é mau!...

Meninos:

Pinica~pau de atrevido
Foi ao Rio de Janeiro
Buscar sua mulatinha
Que comprou com seu dinheiro.

Estribilho:

Sinhá Naninha
De Campos de Minas, etc.

Meninos:

Pinica-pau, vamos embora
Pede licença às senhoras,
Faz a tua cortesia,
Procura o tom da viola.

Estribilho:

Sinhá Naninha
De Campos de Minas, etc.

CENA 5ª

(Representa-se o “Bumba meu boi”, cuja descrição acha-se na I ntrodução deste livro, e cujos versos são os seguintes :)

Coro:

"Olha o boi, olha o boi,
Que te dá;
Ora, entra pra dentro,
Meu boi marruá.
Olha o boi, olha o boi
Que te dá,
Ora, ao dono da casa
Tu vais festejar.
Olha o boi, olha o boi
Que te dá;
Ora, dá no vaqueiro,
Meu boi guadimar.
Olha o boi, olha o boi
Que te dá;
Ora, espalha este povo,
Meu boi marruá.
Olha o boi, olha o boi
Que te dá;
Ora, sai da catinga,
Meu boi malabar.
Olha o boi, olha o boi
Que te dá;
Ora, faz cortesia,
Meu boi guadimar. . .

(Depois de várias evoluções, finge-se o boimorto, e depois levanta-se.)

Vaqueiro:

Levanta-te, meu boi, .
Vamo-nos embora,
Que a viagem é longa,
Daqui para fora.
O meu boi de Minas,
Como boi primeiro.
Com a festa do povo
Dança do pandeiro.
O meu boi de Minas
Era um valentão,
Chegando ao Capinha
Derrubou no chão.
O meu boi valente
E' do coração.
Dança no escuro
Sem um lampião.
Aqui estou esperando
Bem do coração
A sua resposta
Ó! seu capitão.

CENA 6ª

(Reunem-se todas as figuras e cantam em despedida:)

Retirada, meu bem, retirada,
Acabou-se a numa função,
Não tenho mais alegrias,
Nem também consolação.

Bateu asa, cantou o galo,
Quando o Salvador nasceu;
Cantam anjos nas alturas,
Gloria in excelsis Deo!....