Sem titulo/3
Do teu paiz natal pelas longinquas margens
extranhas regiōes abandonado havias;
no inolvidavel tempo e na afflictiva hora,
mesmo perante ti chorei por largos dias.
E quando as minhas māos arrefecendo estavam
buscaram mesmo assim deter-te o afastamento;
pediu-te o meu suspiro o nāo interromperes
a horrida languidez de nosso apartamento.
Mas logo retiraste, e subitaneamente,
dos meus os labios teus de nosso beijo amargo
— e depois, tu entāo para outro me chamavas
desse paiz do exilio escurecido e largo.
Tu dizias assim : — « De novo, ó meu amigo,
« nossos beijos de amor um dia ajuntaremos,
« sob a abobada azul de um ceu de azul eterno.
« e á sombra de olivaes nós nos encontraremos. »
Mas ai! nos pontos onde a abobada celeste
brilha com o esplendor do azul ultramarino,
onde dormitam sempre as aguas sob as rochas,
n՚um somno és que é na vida o termo do destino.
Toda a tua belleza e os teus desgostos todos,
em urna funeral, foram-se em cinzas leves
— e esse beijo do encontro ha tambem se ausentado...
porém eu, firme, o espero ainda tu m՚ o deves!..

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