Uma Campanha Alegre/II/XI

Wikisource, a biblioteca livre
Saltar para a navegação Saltar para a pesquisa


XI

Janeiro 1872.

Registemos esta preciosa declaração do chefe da oposição. Vamos guardá-la, como uma jóia — em algodão.

O Sr. Sampaio, ministro do Reino, no relatório do seu projecto de Reforma

Administrativa, decl ara que a administração, como está, é uma confusão vergonhosa, uma desorganização funesta, um abandono mortal... Enfim — que o País chegou à última decadência administrativa.

Registemos esta confissão sincera do sr. ministro do Reino. Vamos guardá-la, como um bicho precioso — em espírito de vinho.

Resultado: o ministro do Reino e o chefe da oposição declaram oficialmente o

País num estado deplorável de administração.

Ora nem a reforma do Sr. Luciano se efectuará, nem a reforma do Sr. Sampaio se realizará.

De tal sorte, que resta? Que estamos num abominável estado de administração — segundo confessa o Governo e segundo confessa a oposição: e que ficamos nesse estado!

É risonho.

O Sr. Luciano de Castro, chefe da oposição, fez no relatório, que precede o seu projecto de Reforma Administrativa, uma exposição sombria da administração do País.

Aí confessa que acabou

no match[editar]

a fé política e a dignidade política; que não existem partidos com ideias, ruas facções com invejas; que o País está desorganizado e entregue ao abandono; que cada reforma cai sucessivamente com cada Governo; que as leis são um aparato de eloquência parlamentar e não uma eficácia de organização civil... Enfim — que o País chegou à última decadência administrativa.