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Vós, que de olhos suaves e serenos

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Vós, que de olhos suaves e serenos,
Com justa causa a vida captivais,
E que os outros cuidados condemnais
Por indevidos, baixos e pequenos;

Se de Amor os domesticos venenos
Nunca provastes, quero que sintais
Que he tanto mais o amor despois que amais,
Quanto são mais as causas de ser menos.

E não presuma alguem que algum defeito,
Quando na cousa amada se apresenta,
Possa diminuir o amor perfeito:

Antes o dobra mais; e se atormenta,
Pouco a pouco desculpa o brando peito;
Que Amor com seus contrarios se accrescenta.