Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Contrastes
Aspeto
Contrastes
A antíthese do novo e do obsoléto,
O Amor e a Paz, o Odio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que homem abomina,
Tudo convem para o homem ser completo!
O angulo obtuso, pois, e o angulo recto,
Uma feição humana e outra divina
São como a exhymenina e a endhymenina
Que servem ambas para o mesmo féto!
Eu sei tudo isto mais do que o Ecclesiastes!
Por juxtaposição destes contrastes,
Junta-se um hemispherio a outro hemispherio,
Ás alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mezas
Faz tambem os caixões do cemiterio!