Dicionário de Cultura Básica/Música

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MÚSICA (a arte da sonoridade, Musical) → DançaÓpera

A música é uma revelação superior à filosofia

(Beethoven)

A música, como as outras artes, surge ligada aos rituais religiosos. Os instrumentos mais antigos para a emissão de sons melodiosos e rítmicos, construídos com caniços ou pele de animais, são flauta, lira, harpa, alaúde e trombeta, de que temos notícias, a partir do 2º Milênio a.C., no Oriente Médio. O profeta Daniel, na Bíblia, faz referência à orquestra de Nabucodonosor. Na cultura grega, a música, chamada de melos, estava relacionada com a arte dramática, onde a sonoridade era dada pela "orquestra" e pelo canto do "coro". Os mais famosos eram os coros ditirâmbicos em honra ao deus Dionísio (→ Tragédia). O filósofo Pitágoras deu muita importância à música, estudando os acordos sonoros junto com princípios da matemática. No início da Idade Média (→ Medievalismo), a música judaica (os salmos) se associa aos hinos de herança greco-romana. Mas é com São Gregório, o Magno, no séc. VI, que a música adquire sua importância na liturgia católica: o canto gregoriano torna-se modelo de música religiosa para todo o mundo cristianizado. No Renascimento, com o madrigal italiano, chega-se à conjunção perfeita entre música e texto: a música, inspirada pelo texto, utiliza-se de recursos sonoros para descrever as cenas que o libreto narra. Por seu caráter dramático, o madrigal é o elo entre a música modal medieval e renascentista e a música tonal do barroco, classicismo e romantismo. Claudio Monteverdi (1567–1643), mestre-de-capela da catedral de São Marcos, em Veneza,. é o último dos grandes polifonistas da música barroca e um dos primeiros a cultivar o gênero que se tornará famoso no início do Romantismo: a Ópera. Mas o virtuosismo técnico da música barroca alcança seu apogeu com o alemão Johann Sebastian Bach (1685–1750), compositor de música sacra (de inspiração luterana e católica) e profana (as famosas "fugas", música de câmara e orquestral). Wolfgang Amadeus Mozart (1756–1791), o genial compositor austríaco, realizou a síntese de todas as modalidades musicais anteriores: sinfonias, serenatas, marchas, danças, música de câmara, música religiosa, árias de concertos para soprano, óperas dramáticas. Ludwig van Beethoven (1770–1827), embora alemão de nascimento, curtiu muito a cultura musical austríaca, morrendo na cidade de Viena. Atormentado por violentas paixões amorosas e pela surdez, transformou em arte musical os ideais de liberdade e de justiça social apregoados pela Revolução francesa. Sua importância fundamental na história da música foi o fato de engrandecer as formas tradicionais com envolvimento temático, dando expressividade à melodia, ao ritmo, à orquestração. O coro da sua 9ª sinfonia é um hino ao ideal da subjetividade, que será a essência do movimento romântico. Junto com Franz Schubert (1797–1828), outro músico vienense famoso, Beethoven realiza a transição do Classicismo para o Romantismo. O compositor polonês Frédéric Chopin (1810–1849) se especializa nos Estudos para Piano, enriquecendo o repertório para o instrumento predominante no século XIX. Destacam-se também suas mazurcas, poloneses, baladas e valsas..O alemão Richard Wagner , o francês Bizet e os italianos Rossini, Donizetti, Bellini, Verdi e Puccini , cultivam a música ligado ao "Bel Canto" → Ópera. Pela metade do séc. XX, após a IIª Guerra Mundial, com o início dos meios eletrônicos de comunicação (Rádio e Televisão) e do Cinema, a música sai dos palcos e dos salões de gente rica para alcançar a quase totalidade dos lares. Elvis Presley (1935–1977), o rei do rock’n’roll, com costeleta, blusão de couro, guitarra elétrica, voz rouca e requebros sensuais, se tornou o ídolo da juventude em todo o mundo. O guitarrista norte-americano pode ser considerado o pai da Pop Music, prenunciando a chegada dos Beatles, os quatro rapazes de Liverpool: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Os Beatles, em 1962, lançaram seu primeiro disco, que teve sucesso imediato na Inglaterra. Dois anos depois estourou nos EUA e no mundo inteiro, ditando gosto musical, moda de vestir, corte de cabelo, comportamento jovem. Em 1970 o grupo se dissolveu, cada qual iniciando sua carreira a solo. A música romântica ficou a cargo da "canzone" italiana, que disputou a preferência popular com a música eletrônica, nas das décadas de 60 e 70. O Brasil, a partir das últimas décadas do século passado, assombrou o mundo com a força da "bossa nova" da sua MPB (Música Popular Brasileira), que se tornou o único artigo artístico de exportação. Pixinguinha, Noel Rosa, Roberto Carlos, Élis Regina, Gal Costa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Antonio Carlos Jobim são apenas alguns da grande safra de compositores e cantores, que tornaram a nossa música mundialmente conhecida.

O Musical é um espetáculo relativamente novo, considerado a forma popular da Ópera lírica, que associa música, dança, canto e fala. A Comédia Musical nasceu na Broadway, a partir de 1920, sendo um produto artístico típico norte-americano, influenciado pela música jazz. Da representação teatral passou para o cinema, consagrando atores (Fred Astaire, Gene Kelly, Leslie Caron), coreógrafos (Bob Fosse) e espetáculos (A Noviça Rebelde, 1959; Cabaret, 1972).