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A Alma do Lázaro/II/IV

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Luíza veio ver-me. Tarde, bem tarde da noite, para evitar suspeitas.

Parece que o mundo reputa crime consolar uma irmã a seu irmão aflito! Mas o irmão é um leproso!... Seu marido lhe perdoaria talvez se ela voltasse com o lábio manchado pelo beijo adúltero. Nunca, se esse lábio tivesse bafejado a face ardente do mísero enfermo.

Deliro!...

Esta visita fez-me mal. Sou injusto. Luíza me ama; não teme o contágio, ou se o teme, seu amor por mim é mais forte. Quis abraçar-me!... Fui eu que a repeli!... a ela, o único ente que não me foge!

Amo-o eu mais do que a ti, mãe, para ter essa coragem?...

Não! É que tu me pertencias, como eu a ti. É que nos tínhamos dado um ao outro, naturalmente, sem esforço, sem sacrifício. É que eu vivia nos teus braços, como tinha vivido nas tuas entranhas, ligado pelo mesmo elo, o teu amor.

Luíza veio para comunicar-me a sua resolução, dela e de seu marido. Não quer a parte que lhe cabe da nossa pequena herança; deixa-me tudo, porque necessito mais, e não posso trabalhar.

Recusei e não lhe agradeci.

Como rala essa compaixão! Tem-me por um homem inútil, incapaz de ganhar o sustento para o corpo. Por fim ela pensa bem. Quem aceitará a obra tocada por minhas mãos, e impregnada do meu suor?