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Oh! não tremas! que este olhar, este
abraço te digam quanto é inefável — o de
abandono sem receio, os inebriamentos de
uma voluptuosidade que deve ser eterna.
GOETHE, Fausto


 
Sim! coroemos as noites
Com as rosas do himeneu...
Entre flores de laranja
Serás minha e serei teu!
 
Sim! quero em leito de flores
Tuas mãos dentro das minhas...
Mas os círios dos amores
Sejam só as estrelinhas.


Por incenso os teus perfumes,
Suspiros por oração
E por lágrimas... somente
As lágrimas da paixão!
 
Dos véus da noiva só tenhas
Dos cílios o negro véu...
Basta do colo o cetim
Para as Madonas do céu!
 
Eu soltarei-te os cabelos...
Quero em teu colo sonhar...
Hei de embalar-te... do leito
Seja lâmpada o luar!
 
Sim!... coroemos as noites
Da laranjeira co'a flor...
Adormeçamos num templo
— Mas seja o templo do amor.
 
É doce amar como os anjos
Da ventura no himeneu:
Minha noiva, ou minh'amante,
Vem dormir no peito meu!
 
Dá-me um beijo, abre teus olhos

Por entre esse úmido véu:
Se na terra és minha amante,
És a minh'alma no céu!