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Meu bem, como vosso mal (ortografia atualizada)

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Meu bem, como vosso mal
De febre de amor procede,
Os alívios do achaque,
São os aumentos da febre.

Porque quem fino idolatra,
Nesse incêndio que padece,
Quanto mais arde na chama,
Chama remédio o que sente.

Vede amante da minha alma,
Que conforme esse mal cresce,
Com vos parecer suave,
Heis de ter grande cruz nele.

Lá virá tempo, meus olhos,
Em que tanto ardor se aumente,
Que não só vos custe sangue,
Mas também vos custe sede.

Mas nele, enfermo divino,
Dia decretório tendes,
Em que o vosso mal acabe,
Porque o nosso bem comece.

Estribilho.

Enfermo meu brinco,
De amores nasceis,
Que é mal que sentis,
Porque bem quereis.

Coplas.

Todo enfermo de amores,
Meu bem vos vemos,
Padecendo o achaque,
Dando o remédio.

Será ferido o peito,
Mas não me admiro,
Porque um peito que é amante,
Sempre é ferido.

A todos minha vida,
Nesta doença.
Procurais dar a glória,
Com ter a pena.

Estribilho.

Enfermo meu brinco,
De amores nasceis,
Que é mal que sentis,
Porque bem quereis.