um hiato sentimental entre os fandangos e os cakewalks.
Tanto penar, tanto sofrer.
Amor me mata,
Amor me mata.
Eu vou morrer.
Ninguém morre, e um português do Minho que lá passa a noite, brada:
– Eu cá dinheiro não dou, mas se tocar a cana-verde pago a cerveja!
E a cana-verde conclui a canção melancólica.
Oh! eu conheci nessas baiúcas rumorejantes, onde a populaça vive atraída pela música, até um globe-trotter! Era um veneziano de vinte e três anos, Rafael Angelo, tenor. Nos botequins em que os proprietários eram portugueses cantava o rebola a bola, nos estabelecimentos espanhóis, o caballero di gracia me llaman, e, lindo, conquistador, com olhares mortos para as mulheres, era uma delícia ouvi-lo, derreando os braços para os lados, como cansado de abraçar, a cantar:
Fra le donne tu sei la piú bella,
Fra le rose tu sei la piú fina
E nel cielo brilhante stella
Nella terra sei nata regina.
A segunda vez que me viu entre os carregadores descalços, Rafael inaugurou o seu mais belo gesto e disse-me:
– Noto a V. Exa. que isto é apenas uma extravagância boêmia. Resolvi percorrer o mundo em quatros anos,