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Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/32

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LAGO DAS LÁGRIMAS
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patinhas e passá-las pelo focinho... Além disso é habilíssima na caça dos rat... Vendo que ia cometer uma imprudência, Alice tapou a bôca para que a palavra não saísse inteira, e continuou: — Mas mudemos de assunto, Senhor Rato. Vejo pela sua cara que êste assunto gatal não é muito do seu agrado. Nós não falaremos mais da Diná.

Nós? exclamou o Rato, todo trêmulo ainda. Nós é um modo de dizer. Quem está falando dêsse horrendo animal é você, não eu. Portanto, esse nós está errado. Em minha família essa palavra “gato” ninguém a pronuncia. Faça o favor de não pronunciá-la outra vez, ouviu?

— Perfeitamente, concordou Alice, ansiosa por mudar de assunto. Falemos de... de... de cães, por exemplo. O senhor gosta de cães?

O Rato nada respondeu e Alice continuou:

— Perto de casa há um cachorrinho tão bonitinho que tenho vontade que o senhor o conheça. É um fox-terrier, de olhos muito vivos, pêlo comprido e sedoso, muito crêspo. Sabe buscar os objetos que a gente atira. Fica de pèzinho no canto e mais coisas. Uma galanteza! Pertence a um chacareiro que vive a gabá-lo, e a dizer que nem por um mil cruzeiros dá um tão bom caçador de rat... Alice tapou a bôca de novo, ao perceber que ia pronunciando nova inconveniência. Mas o Rato percebeu o que ela ia dizendo e afastou-se, nadando com quantas forças tinha. Alice nadou atrás dêle, chamando-o com ternura: — Volte, caro Ratinho! Venha conversar comigo. Juro que não falarei mais nem de gato,