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Dona Benta espiou pelo binóculo e não viu coisa nenhuma; o mesmo sucedeu com tia Nastácia. "Nossa vista está tão estragada, que nem com invenções do Visconde não vemos nada." Chegou a vez de Narizinho, que era a mais velha depois de tia Nastácia — mas Emília já estava grudada no binóculo e a berrar que nem uma louca: — Estou vendo o número dos números! Sete anõezinhos — não! Sete sacizinhos de carapuça vermelha e pito aceso na boca, sentados, de pernas cruzadas, debaixo dos chapéus-de-sapo, que também são sete. Estão fumando e conversando. Há um que parece o chefe. Usa faixa na cintura — deve ser o distintivo. Que amorecos!...

Todos estavam ardendo por ver também, mas Emília não largava do binóculo, e às vezes até sapateava de gosto. — Briga! O chefe agarrou um pelas orelhas e sacudiu-o, e ele reagiu. Está começando um fecha. Parece que se dividiram em dois partidos — três dum lado e quatro do outro. Não consigo ouvir o que dizem, mas deve ser desaforo do bom. O chefe bate com o pé no chão e pede ordem...

— Como consegue bater com o pé, tendo um pé só? — perguntou Narizinho.

— Dá pulinhos — explicou Emília, sem largar o binóculo. — E agora o chefe agarrou um e enfiou-o dentro dum chapéu-de-sapo. Ah!... Estou entendendo. Os chapéus-de-sapo são as casinhas deles. O chefe está trancando todos, um por um, nas respectivas casinhas. Já trancou cinco, faltam só dois. Trancou o último...

— Isto também é demais! — gritou Narizinho arrancando Emília do binóculo. — Tudo no mundo é para ela, só para ela...