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O SACI
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Entretanto, perfida como era, tentou ainda usar da astucia. Acalmou-se e disse, num tom muito amavel:

— Muito bem. Mas esse fio de cabelo da Iára não basta para romper o encanto da menina. Preciso ainda de um fio de barba do Capora.

— Perfeitamente, senhora Cuca. Ali em cima daquelas estalactites está o fio de barba do Capora de que você precisa, disse o saci, apontando para o pingo d’agua. Vou já busca-lo...

Vendo pela firmeza das palavras do saci que era inutil tentar engana-lo segunda vez, a Cuca deu um profundo suspiro e confessou-se vencida.

— Meus parabens. Vocês descobriram a unica arma no mundo capaz de vencer uma Cuca — esse miseravel pingo d’agua... Farei como querem. Desencantarei a menina. Voltem ao sitio, procurem perto do pote d’agua uma flor azul que lá deixei; arranquem-lhe as petalas e lancem-nas ao vento logo ao romper da manhã. Narizinho, que deixei transformada em pedra, reaparecerá imediatamente.

— E se isso for um embuste como da primeira vez? perguntou Pedrinho.

— Não é. Reconheço que fui vencida e que seria tolice insistir. Voltem ao sitio, façam o que eu disse e depois venham desamarrar-me. Juro que jamais perseguirei qualquer pessoa lá do sitio.