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Pedrinho estendeu as mãos em fórma de cuia e o saci sacudiu dentro um pó amarelado.

— Bem. Agora derrame este pó bem a prumo, de modo que vá cair bem em cima da cara da onça.

Pedrinho colocou-se em linha vertical com a fera e derramou de um jacto o punhado de pó.

Foi uma beleza aquilo! Quando o pó caiu sobre os olhos da onça, ela deu tamanho pinote que foi parar a cinco metros de distancia, sumindo-se em seguida pelo mato a dentro, a urrar de dor e a esfregar os olhos como se quisesse arranca-los.

Pedrinho deu uma risada gostosa.

— Que diabo de pó é este, amigo saci? perguntou. Vejo que vale mais que uma boa carabina...

— Isto se chama pó-de-mico. Arde nos olhos como pimenta e dá na pele uma tal coceira que a vitima até se coçará com um ralo de ralar côco, se encontrar algum pelo caminho.

Pedrinho escorregou da arvore abaixo, ainda a rir-se da pobre onça. Mas não se riu por muito tempo. Mal tinha dado alguns passos, recuou espavorido.

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