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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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sem concurrências ao logar de honra, sem a mais fugitiva névoa de dúvida, a muito adiantada província do apostolo das gentes. Verdade é que o Rio de Janeiro deu o sr. Paulino e Minas Gerais é a causa desse efeito interessante cognominado Martinho Campos... Mas, qual! São Paulo está na vanguarda. E’ o porta estandarte da bandeira negra. Cada um tem suas vaidades...”

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Nós andamos, hoje, todos empenhados em abrandar, em adoçar, em evanescer os aspectos da escravidão no Brasil, citando os casos de bom tratamento que alguns senhores, em todas as províncias, proporcionavam aos seus servos. Queremos iludir-nos a nós mesmos, porque não podemos aceitar, com a nossa mentalidade moderna, de respeito sagrado á vida alheia, se houvessem os nossos maiores desgarrado tanto da boa razão, do reto proceder, dos ensinamentos da religião que sempre foi a do povo brasileiro.

Mas a verdade, dura, penosa, desagradavel de dizer é que a escravidão sempre foi, em toda a parte, e, portanto, aqui tambem, uma questão suja, nojenta, repugnante. Entrar-lhe pelo âmago a dentro, examinar-lhe as modalidades de degenerescencia que engendrou, baixar de degrau em degrau até o limite extremo a que foram os senhores, em matéria de infâmia, e de ignomínia, de crueldade, de envilecimento, chega a causar arrepios.