Página:Poesias de Maria Adelaide Fernandes Prata offerecidas as senhoras portuenses (1859).pdf/54

Wikisource, a biblioteca livre
44

Ah! De quantas desgraças foi origem,
Esse pae tão cruel que o ser me deu!
Movido pela vil, torpe ambição,
A deixar mundo, amor me constrangeu!

Para consorte o joven, que eu 'scolhia,
Era filho segundo, sem riqueza;
Mas tinha os dotes d'alma grandiosos,
De pundonor, virtude, e de nobreza.

Esses mundanos bens tão illusorios,
Para o seguir, contente abandonára,
E do mundo n'um canto recondito,
Ao lado seu feliz eu habitára!

Amava-o como a Deus quizera amar,
N'elle só tinha fé, esp'rança, amor,
Só n'elle via o Céo, o Paraizo,
Amando-o cada vez com mais ardor!

Como o fado mudou a sorte minha !..
Ai que inferno, que magoas no porvir!..
E é hoje, oh meu Deus! hoje que cumpre,
Ir meus votos sagrados proferir?!..