Caim (Luís Delfino)

Wikisource, a biblioteca livre

A lágrima protesta, o sangue em coalhos grita...
Não... não irás assim em triunfal parada:
Passarás entre nós como um ladrão de estrada,
Será teu Panteão ridícula guarita.
 
A traição, toda em luz de auréola bendita,
Chorará de vergonha ao ver-te, horrorizada:
E a baixeza, e a perfídia, e a infâmia interrogada
Contra ti dirá só um nome: — Israelita...
 
Pensas que hás de mentir à história, miserando?
Quem ainda a enganou? como a enganou? e quando?
Crês também iludir a morte, e não ter fim?
 
O silêncio tem voz, milhões de olhos a treva...
E a teu pai ser Adão, e a tua mãe ser Eva,
O teu nome, assassino, o teu nome é Caim...