Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923)/A Cathedral: diferenças entre revisões

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Como um astro que já morreu.
Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
E o sino geme em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus!Pobre Alphonsus!
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!
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Revisão das 03h04min de 21 de agosto de 2009


Entre brumas, ao longe, surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.

A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.

A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus

E o sino clama em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

Por entre lírios lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
O entardecer aumenta a agonia do poeta.

A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!

O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.

E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!