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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS

O individuo pertence á familia, a familia á sociedade, e o que interessa esta por força hade interessar aquelle, numa sociedade bem organisada e equilibrada.

Não póde pois a mulher, principalmente quando é mãe, conservar-se na abstenção culposa em que tem vivido até aqui a mulher por- tuguêsa.

Ao seu espirito desocupado passa tão despercebido que um pedaço das colonias seja retalhado á patria, como um novo emprestimo ou uma sobrecarga de impostos — que venham agravar as condições geraes da vida, já de si tão dolorosas — sejam votados e postos em execução.

Qual a alma de mulher que vibra de enthusiasmo ao lêr uma pagina vehemente de patriotismo? Qual a que se desespera e indigna vendo a derrocada de caracteres que nos arrasta para um fim vergonhoso?!

Convenceram-na — e ella acreditou! — de que não deve pensar em politica, porque isso lhe tira toda a modestia e ductil graça tornando-a uma desagradavel Maria da Fonte; e, no entanto, não sendo ouvida quando se trata de