Chamarâ o Samorim mais gente noua:
Virão Reis Bipur, & de Tânôr,
Das ſerras de Narſinga, que alta proua
Eſtarão prometendo a ſeu ſenhor:
Faràque todo o Naire em fim ſe moua,
Que entre Calicû jaz, & Cananor,
Dambas as leis immigas, pera a guerra,
Mouros por mar, Gentios polla terra.
E todos outra vez desbaratando,
Por terra, & mar, o grão Pacheco ouſado,
A grande multidão que yrâ matando,
A todo o Malabar terâ admirado:
Cometerâ outra vez não dilatando
O Gentio os combates apreſſado,
Injuriando os ſeus, fazendo votos
Em vão aos Deoſes vãos, ſurdos, & immotos
Ia não defenderâ ſomente os paſſos,
Mas queimar lhe ha lugares, templos, caſas:
Aceſo de yra o Cão, não vendo laſſos
Aquelles que as cidades fazem raſas:
Farà que os ſeus de vida pouco eſcaſſos,
Cometão o Pacheco que tem aſas
Por dous paſſos num tempo, mas voando
Dhum outro, tudo yrâ desbaratando.
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