Página:Exaltação (1916).pdf/346

Wikisource, a biblioteca livre
— 338 —

a pulsação universal... Thêo, os meus cabellos, as minhas palpebras, descem, cobrem-te com os véos funereos da viuvez... Thêo, serás de ora em deante, só, sem o teu Lyrismo...

Thêo, excita-me uma volupia terrivel, cruel... A morte é o mais venenoso dos amantes; é serpe, é labio humano, é rendição total de uma delicia estranha, ignota!... Thêo! corro para ella... Vai, adorado meu, para a tua mulher que te chama, para a tua filha que clama por ti.

Thêo, a terra se abre em movimento de ser mortal... Mas os seus braços são gélidos, gélidos como a pelle dos amphibios... A chamma do meu Desejo irá incendiar, atear flammas indomitas, apavorantes, ferrenhas em suas entranhas senis...

Thêo, não deixes que a dôr bravia de Orestes se apodere de ti... Eu serei a Paixão da Sombra, o Deslumbramento da Solidão, a Nevrose intensa do Silencio, a Eternidade das tuas insurreições, da tua sublimez, do teu amôr que tem a raiva e a avidez do Fogo.

Thêo, enrolo-te em os beijos, em a caricia, em a ternura immensuravel de meu corpo, em o apogeo da Exaltação, da Vida, do Amôr.

Visto-te a imaginação, o senso, da minha Belleza, da minha Dominação, do meu mal doirado e incisivo...

Deito-me sobre a tua alma como o triumpho unico de ti mesmo, como uma tuba immortal a glorificar a perpetuidade de um sentimento. Thêo, começam de