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A cidade e as serras
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— Anna Vaqueira! Um copo d’agoa, bem lavado, da fonte velha!

Pulei, immensamente divertido:

— Oh Jacintho! E as aguas carbonatadas? e as phosphatadas? e as esterilisadas? e as sodicas?...

O meu Principe atirou os hombros com um desdem soberbo. E acclamou a apparição d’um grande copo, todo embaciado pela frescura nevada da agoa refulgente, que uma bella moça trazia n’um prato. Eu admirei sobretudo a moça... Que olhos, d’um negro tão liquido e serio! No andar, no quebrar da cinta, que harmonia e que graça de Nympha latina!

E apenas pela porta desapparecera a explendida apparição:

— Oh Jacintho, eu d’aqui a um instante tambem quero agua! E se compete a esta rapariga trazer as cousas, eu, de cinco em cinco minutos, quero uma cousa!... Que olhos, que corpo... Caramba, menino! Eis a poesia, toda viva, da serra...

O meu Principe sorria, com sinceridade:

— Não! não nos illudamos, Zé Fernandes, nem façamos Arcadia. É uma bella moça, mas uma bruta... Não ha alli mais poesia, nem mais sensibilidade, nem mesmo mais belleza do que n’uma linda vacca tourina. Merece o