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A cidade e as serras

sob a direcção do seu praticante, um afilhado da tia Vicencia, que tinha publicado um artigo sobre as festas populares do Douro no Almanach de Lembranças. E já fôra offerecido o partido medico de Tormes, com ordenado de 600$000 réis.

— Não te falta senão um Theatro! dizia eu, rindo.

— Um theatro não. Mas tenho a idéa d’uma sala, com projecções de lanterna magica, para ensinar a esta pobre gente as cidades d’esse mundo, e as cousas d’Africa, e um bocado de Historia.

E tambem me ensoberbeci com esta innovação! — E quando a contei ao tio Adrião, o digno antiquario bateu, apezar do seu rheumatismo, uma palmada tremenda na côxa. «Sim, senhor! Bella idéa! Assim se podia ensinar áquella gente illetrada, vivamente, por imagens, a Historia Santa, a Historia Romana, até a Historia de Portugal!...» E voltado para a prima Joanninha, o tio Adrião declarou Jacintho um «homem de coração!»

E realmente pela Serra crescia a popularidade do meu Principe. N’aquelle, «guarde-o Deus, meu senhor!» com que as mulheres ao passar o saudavam, se voltavam para o vêr ainda, havia uma seriedade d’oração, o bem sincero desejo de que Deus o guardasse