cto. Previa em tudo isto uma traição, e, para a esclarecer, dirigiu-se á unica pessoa de quem lhe parecia provavel que ella partisse.
Quando chegou a Alvapenha já tinha alli passado a hora de jantar.
Henrique retirára-se para o quarto, D. Dorothéa e Maria de Jesus, aquella dobando, está fiando, aproveitavam o tempo a rezar parte das suas longas orações quotidianas.
Quando Augusto bateu á porta, estavam ellas de volta com a ladainha, que D. Dorothéa dizia em latim, a seu modo, e a que Maria de Jesus respondia no mesmo idioma.
—Turris e burris, fedilisarca, espeque da justiça, Joannes asellis—dizia D. Dorothéa.
—Orá pér nós—respondia invariavelmente a criada.
A reza interrompeu-se ao entrar Augusto na sala.
Poucas situações se podem conceber maïs exasperadoras de animo do que a de Augusto n’aquelle momento.
Vir com o espirito dominado por as maïs violentas paixões, trazer no coração uma verdadeira tempestade affectiva, e de subito achar-se na presença de duas indoles essencialmente pacificas, de dois corações a que a paixão nunca alterou o rithmo, de duas consciencias de que nunca a dúvida, o remorso, où o odio turbaram a céleste serenidade, é um martyrio cruel.
Augusto teve desejos de recuar, porque previu a tortura que o esperava.
—Ditosos olhos que o vêem!—disse D. Dorothéa, arredando deante de si a dobadoura, para maïs á vontade contemplar o recem-chegado.—Não sei que mal lhe fizeram n’esta casa!
—As minhas occupações...—balbuciou Augusto, sem saber o que dizia.
Maria de Jesus veio de reforço á ama.
—Isso! fale-nos nas suas occupações, nem que