Página:A morgadinha dos canaviais.djvu/540

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que as que soffreu em virtude d’esta desagradavel occorrencia.

— Qual é? — perguntou o conselheiro.

Henrique olhou para Magdalena, respondendo:

— Repito que tenho escrupulos em dizêl-o, porque talvez não seja eu o mais competente para o fazer.

— Tem razão, primo — disse Magdalena. — Elle proprio o dirá. É mais natural.

— Mas sábel-o tambem tu, Lena?

— Sei.

— Então dize-nol-o. Melhor para mim, se puder prevenir desejos.

Magdalena hesitou.

— Vamos, Henrique — disse Cristina, sorrindo — não esteja com tantos escrupulos. Diga o que pensa.

— Pois quer? mas se sua prima me não perdôa?

— Eu o protegerei. Fale.

— Então, Christe? — tornou Magdalena.

— Bem; n’esse caso... Visto que m’o ordena quem pode.

— Fale, fale — disseram a um tempo o conselheiro, D. Victoria e D. Dorothéa.

— Falarei. A recompensa a que Augusto aspira é a de fazer parte da familia de... da nossa familia — respondeu Henrique, olhando para Magdalena, que já não tentava retêl-o.

— De fazer parte da nossa familia? — repetiu o conselheiro. — Mas como?

— Como ha de ser? visto eu não estar resolvido a prescindir de Christina, e Marianna ser ainda creança, facil é de conjecturar o unico meio que ainda resta de realisar aquella pretensão.

O conselheiro comprehendeu a final, e fitando Magdalena poz-se a rir, dizendo:

— Pobre rapaz! Pois metteu-se-lhe isso na cabeça?

— Mas que é a final? eu não entendo — dizia, embaraçada, D. Victoria.