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pequenos seminários, que se não eram de profanidades, como dizia um célebre pregador, não estavam isentos delas.

Entre os fâmulos do nosso prelado, e primeiro dos minoristas, contava-se um sobrinho, Cláudio de nome, endiabrado rapaz, que fazia-as todas e dava sota e bastos ao mais arteiro dos garotos da cidade.

As horas de folga e os dias de sueto, passava-os aquela rapazia trepada na pitombeira, comendo fruta e desinquietando as vizinhas, a quem atiravam as cascas e perseguiam de galhofas. De todas, porém, as mais expostas às chácaras dos minoristas eram a Miquelina, mulher do tabelião, e sua filha Marta, por ficarem defronte.

Das grimpas da árvore, ocultos pela folhagem, devassavam os rapazes não só todo o quintal, como a varanda de jantar, e os quartos do outão. Não punham mãe e filha o pé na cerca, nem passavam por perto das janelas, que não fossem alvo dos remoques e chacotas dos brejeiros.

Advertido o Sebastião do desaforo, uma vez saiu à varanda com a sua mais grave compostura tabelioa; e em voz de audiência, fanhosa e estridente, intimou aos rapazes que se comedissem. A resposta foi uma tremenda surriada e um granizo de caroços