Página:Alfarrabios.djvu/252

Wikisource, a biblioteca livre

Entreolhou-se a maruja, um tanto embasbacada daquele desplante.

— Ora bem! continuou Aires. Agora que já sabem o que têm de fazer, cada um que tome o partido que mais lhe aprouver. Se lhe não toa a dança, pode-se ir à terra, e deixar o posto a outro mais decidido. Eia, rapazes, avante os que me seguem; o resto toca a safar e sem mais detença, se não mando carga ao mar.

Sem a mais leve sombra de hesitação, dum só e mesmo impulso magnânimo, os rudes marujos deram um passo à frente, com o ar destemido e marcial com que marchariam à abordagem.

— Bravo, rapazes! Podeis contar que os pichelingues levarão desta feita uma famosa lição. Convido-vos a todos para bebermos à nossa vitória, antes da terceira noite, na taberna do Simão Chanfana.

— Viva o capitão!...

— Se lá não nos acharmos nessa noite, é que então estamos livres de uma vez desta praga de viver!...

— É mesmo! É uma canseira! acrescentou um marujo filósofo.

Passou Aires a examinar as avarias da balandra, e embora a achasse bastante deteriorada, contudo não