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vez não o desajudara; e por isso tinha uma devoção fervorosa pela divina padroeira de seu navio, a quem não esquecia de encomendar-se nos transes mais arriscados.

Tornando de suas correrias marítimas, Aires, da parte que lhe ficava líquida depois de repartir a cada marujo o seu quinhão, separava metade para o dote de Maria da Glória e a entregava a Duarte de Morais.

A menina crescera, estava moça, e a mais prendada em formosura e virtude que havia então neste Rio de Janeiro. Queria-lhe Aires tanto bem como à sua irmã, se a tivesse; e ela pagava com usura esse afeto daquele que desde criança aprendera a estimar como o melhor amigo de seu pai.

O segredo do nascimento de Maria da Glória fora respeitado, conforme o desejo de Aires. Além do corsário e dos dois esposos, só o gajeiro Bruno, agora piloto da escuna, sabia quem realmente era a gentil menina; para ela como para os mais, seus verdadeiros pais foram Duarte de Morais e Úrsula.

Nas torres os sinos a repicarem trindades, e da escuna um batel a largar enquanto roda o cabrestante ao peso da âncora. Vinha no batel um