Página:Ao correr da pena.djvu/156

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nestes lugares aprazíveis e nesta convivência agradável da gente da terra! Que risonhas que são essas manhãs de cerração, que ao nascer do sol começam a desdobrar o seu véu branco, com toda a garridice e todo o disfarce de uma andaluza, quando entreabre a sua mantilha!

E contudo nunca Petrópolis esteve como agora entregue ao abandono e ao desleixo. O estado das ruas é péssimo; não se cuida da limpeza dos canais, e de outros melhoramentos urgentes. Ao passo, porém, que isto sucede, consome-se dinheiro em edificar uma capelinha no antigo hospital, que há muito se trata de remover. Compra-se um terreno para servir de matadouro público, e consente-se que um particular continue a cortar num açougue, infectando assim a principal rua da colônia - a Rua do Imperador.

Pelo menos, é isto o que dizem todos os habitantes de Petrópolis, cujo clamor é geral. Foi preciso que chegasse o tempo da viagem costumada de SS. MM. Para que se tratasse de melhorar os caminhos, e reparar algumas ruas que se acham em miserável estado e que oferecem pior trânsito do que a estrada da serra.

Enquanto o diretor da colônia não for obrigado a residir em Petrópolis, embora tenha boas intenções e grande atividade, não poderá prestar a devida atenção às necessidades do lugar, nem entregar-se completamente ao estudo dos objetos de sua competência. O governo devia tomar isto em consideração e regular melhor as obrigações da diretoria, ou então acabar com ela e substituí-la por outro qualquer meio de administração.

Entretanto, apesar do mau estado das ruas, meu leitor, se já não estais fatigado e não me abandonastes na viagem, vamos sair a passeio, e dar uma vista de olhos àquilo que nos parecer mais interessante e mais digno de atenção. Quereis ir ao Palacete, ver o jardim que se está concluindo? Quereis subir às colônias, e dar um giro a cavalo até a cascata de Itamarati? Ou preferis arruar sem destino, onde vos levar a fantasia?

Como quiserdes;