Página:Ao correr da pena.djvu/330

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Muitos casam para terem um autômato que lhes obedeça, sobre quem descarreguem o seu humor, a quem batam o pé e ruguem o sobrolho, como Júpiter Olímpico.

Finalmente, uns dizem que casam por inclinação e por amor, isto é, casam porque não têm motivo, e por isso são obrigados a inventar este pretexto.

Mas deixemos esta matéria vasta, e voltemos ao nosso pequeno mundo de seis dias.

Sabeis que vamos ter breve uma celebridade lírica no nosso teatro?

Temos tanto esperado, que já é tempo de uma vez cumprirem as velhas promessas que nos costumam fazer.

A nova cantora, o novo rouxinol da Ausônia, que vem encantar as noites da nossa terra, chama-se Emmy La Grua.

É uma bela moça, de formas elegantes, de grandes olhos, de expressão viva e animada. A boca, sem ser pequena, é bem modelada; os lábios são feitos para esses sorrisos graciosos e sedutores que embriagam.

Bem entendido, se o retrato não mente, e se aquela moça esbelta e airosa que vi desenhada não é uma fantasia em crayon.

Quanto à sua idade, bem sabeis que a idade de uma moça é um problema que ninguém deve resolver. Os indiscretos dizem que tem vinte e três anos; quando mesmo tenham trocado os números, não é muito para uma moça bonita.

As belas mulheres não têm idade; têm épocas, como os grandes monumentos; nascem, brilham em quanto vivem, e deixam depois essas melancólicas ruínas, em face das quais o viajante da terra vem refletir sobre o destino efêmero das coisas deste mundo.

Terminando, tenho de dar-vos os meus parabéns pela escolha do novo senador pelo Pará, o Sr. Conselheiro Souza Franco. É uma daquelas graças que honram a quem as faz, honrando ainda mais quem as recebe.

Como sei que alguns dos meus leitores são amantes de originalidades, recomendo-lhes que não deixem de ir contemplar uns jardins babilônicos que a Câmara Municipal e a polícia estão