Página:Ao correr da pena.djvu/60

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com Bommarsund para passar o inverno. Bem mostra que é inglês e teimoso. Jurou que havia de passar, e, como não lhe deixam passar o canal, embirrou que havia de passar o inverno. Queira deus, porém, que não seja o inverno que passe por ele!

Enquanto os ingleses na Finlândia se conservam frios, não por causa dos gelos do norte, mas sim por causa do fogo da Rússia, os ingleses de Londres saíram do sério e deram a mais formidável pateada em Mário, o belo tenor, que cantava Cujus animam numa noite de representação em Convent-Garden.. A história desses motim teatral, contada pelo folhetim do C onstitutionnel, deveria ser bem estudada por grande número dos nossos dilettanti, que se contentam em fazerem um barulho insuportável no teatro, desaprovando pobres artistas sem mérito, e deixando em paz os únicos responsáveis de semelhantes atos.

O povo de Londres é mais positivo; depois de ter desaprovado os cantores, obrigou a vir à cena o empresário, e a todos os seus speechs respondeu um só grito uníssono: money, money. A coisa não prestava, exigiam a restituição do dinheiro, o que era muito justo: até dez horas pagaram-se bilhetes recambiados! O empresário teve de repor dinheiro de sua algibeira, mas no dia seguinte Mário foi aplaudido com três salvas estrepitosas no romance da Favorita.

Decerto, a causa desta demonstração a favor de Mário não foi unicamente a sua bela voz de tenor e a sua presença agradável, mas também a influência da Favorita, que ainda nos desperta tantas emoções e na qual os parisienses, mais felizes do que nós, vão recordar atrasados ouvindo a Stoltz, que se esperava devia cantar no primeiro meado de agosto na ópera de Paris. Também nós tivemos esta semana nossas recordações bem doces da Stoltz e da Favorita e lembramo-nos com saudade de Arsace na noite do concerto Malavazi, que esteve