Página:As Minas de Prata (Volume V).djvu/324

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vamos mendigando e colhendo pela terra as sobras dos ricos e as esmolas dos desinteressados que servem ao esplendor da religião e às obras de caridade!

— Deu-vos a Igreja, padre, autoridade para extorquir à força as esmolas que não vos querem fazer de vontade?

— Ponhamos claramente a questão. Tinha eu autoridade e direito para me apoderar do roteiro que existia em poder de D. Diogo de Mariz, sem vosso consentimento? Vou responder-vos perante a lei e perante a religião. Sim, filho, eu tinha essa autoridade.

— É o que vos faltava, padre; a apologia do crime.

— Ouvi antes de condenar, Estácio Correia; sois noviço da Companhia de Jesus; quando entrastes para as aulas do Colégio, pôs vosso mestre e padrinho a condição de serdes admitido como simples estudante, sem compromisso religioso; simularam aceitar essa condição, e tanto vosso tutor como vós assinaram depois um assento, julgando-o sem importância; era o do vosso noviciado. Ora, desde esse instante ficastes sob a tutela da Companhia, que tinha direito de obrar em vosso