Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/139

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Estácio considerava-se perdido; a onda de inimigos enovelou-se sobre ele.

Ressoa nesse momento pela mata o canto da saracura; um troço de homens rebenta da floresta e cai em cheio sobre os selvagens, como um bando de abutres sobre a carniça. Estácio, atordoado com o ímpeto dos inimigos, ficou mudo de espanto vendo a seu lado o curto mas destemido Antão Gonçalo que brandia uma catana maior que ele.

— Era mais que tempo, comandante; senão metiam a pique a capitânia!... Diabo! Dez contra oitenta flamengos, vá!... Mas um e meio contra cem, não é do ajuste!...

E o Gonçalo tanto falava, como talhava, porque os selvagens, mais enfurecidos com o novo ataque, se tinham arremessado contra ele e sua gente, a qual não passava de uns vinte combatentes. Mas a senha da banda, o grito da saracura, soltado por ele, tinha ecoado longe.

Pouco tardou que João Fogaça com o resto da companhia não aparecesse na beirada da mata.

Perfilando a descomunal estatura, para ver melhor o que sucedia, o capitão de mato soltou o seu habitual e pachorrento: